top of page
Foto do escritorLeandro Patricio

Evangélicos conservadores são um grupo de ódio, envenenaram eleições no país, mas podem ser contidos



As eleições de 2022 contaram com o apoio sistemático das principais lideranças evangélicas do país e de milhões de fiéis. Numa campanha em que intensificaram a transformação dos seus púlpitos em palanques e as igrejas em “currais eleitorais”, os “pastores cabos eleitorais” constrangeram os fiéis ao “voto de cajado”, espalhando mentiras, ódio e envenenando as eleições no país. Mas não há que se responsabilizar apenas as lideranças. Cada fiel que embarcou nessa é responsável.


Por mais que tentem se projetar como um grupo de amor e portadores da verdade, os evangélicos conservadores constituem um perigoso grupo de ódio e com histórico de disseminar mentiras. Não foram corrompidos pelo bolsonarismo. O bolsonarismo apenas os encorajou a expressar publicamente, como se fosse liberdade de expressão, a homofobia, o racismo religioso, o machismo e toda sorte de preconceitos que eles expressavam discretamente e com eufemismos.


A intransigente “defesa da família” - ladainha evangélica recorrente - nas eleições 2022 e as mentiras sobre banheiro unisex, ideologia de gênero e outras mentiras sórdidas - como aquela da pastora ministra Damares sobre extração de dentes de crianças para facilitar o sexo oral - não conseguem esconder que esse grupo não coaduna com os valores da democracia, pois não aceitam a pluralidade e a diversidade que caracteriza as sociedades democráticas.


Sob o pretexto de exercício da liberdade religiosa esse grupo, que cresce como epidemia às custas de um sistema educacional nacional precário, exerce impunemente o crime de homofobia contra LGBTs, racismo religioso contra afro-religiosos, abuso de poder econômico contra o sistema eleitoral, com a propaganda político partidária nas igrejas, e discurso de ódio contra feministas, ateus, pessoas de religiões não cristãs, pessoas de esquerda e dos segmentos já mencionados. São uma verdadeira ameaça à democracia.


Jogaram e jogam sujo, jogaram e jogam baixo. Para que haja pacificação no país, esse grupo precisa ser enfrentado energicamente e contido. Trabalho que já tem sido feito, em grande medida, pelos evangélicos progressistas, mulheres e homens corajosos que enfrentaram a perseguição em suas igrejas, em muitos casos abandonando-as, formando, ou não, outras comunidades religiosas. Mas esse grupo é numericamente muito pequeno em relação aos conservadores. É necessário o engajamento de mais democratas progressistas nesse enfrentamento.


Há uma expectativa por parte das forças progressistas do país que o novo contexto possa significar o fim da farra das igrejas evangélicas (perdão de dívidas, aprofundamento das isenções e imunidades, investimento do governo em suas empresas de comunicação, etc.) e da impunidade dos crimes evangélicos disfarçados de “liberdade religiosa”. Que o novo governo possa não apenas acabar com a “mamata” das igrejas e seus pastores, como também frear a agenda de costumes que tentam empurrar goela abaixo na população usando a estrutura do Estado em desrespeito ao princípio da laicidade.



Leandro Patricio


Diretor presidente

Movimento Brasil Laico


116 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Natal, mentiras e assédio religioso

Todo fim de ano, a mesma coisa: mensagens de Natal com conteúdo confessional. No passado, isso exigia despesas de quem podia pagar pela...

Bình luận


bottom of page